terça-feira, 23 de outubro de 2007

Grupo de direitos humanos aciona o MP contra Tropa de Elite

Estadao.com.br
RIO - Depois de muita polêmica, o filme Tropa de Elite desencadeou no Rio mais uma controvérsia. A presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, encaminhou uma discussão na entidade de defesa dos direitos humanos sobre a possibilidade de acionar o Ministério Público contra as cenas de tortura no filme do diretor José Padilha. O capitão reformado do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio, Rodrigo Pimentel, um dos roteiristas do longa e co-autor do livro que o inspirou, reagiu, acusando tentativa de censura.

"Não acredito que o Tortura Nunca Mais, em função de sua história, vá acompanhar a Cecília. Todos os regimes que promoveram a tortura também legitimaram a censura. Não conversei com ela, mas acho que é uma opinião isolada", disse Pimentel nesta segunda-feira. "Existe uma preocupação excessiva de rotular o filme. Ele não é de esquerda nem de direita. É uma obra de arte, entretenimento. Obra de arte não se rotula. O filme não tem ideologia."

Cecília nega que tenha qualquer pretensão de tirar de cartaz Tropa de Elite, visto por milhares de pessoas antes mesmo do lançamento nos cinemas com a enxurrada de DVDs piratas que iniciou a série de polêmicas em torno dele. Ela explicou que a preocupação sobre os efeitos das cenas de tortura praticada pela tropa do Capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura, surgiu em um ciclo de debates a partir de filmes sobre violência promovido na sede do grupo.

"Havia um jornalista na reunião e ele perguntou se não havia algo a fazer. Resolvemos consultar advogados sobre a possibilidade de consultar o Ministério Público. Mas não queremos tirar o filme de cartaz. Não sou a favor de qualquer tipo de censura", disse Cecília. "Censurar é a última coisa que queremos. Defendemos acima de tudo o direito à expressão, mesmo quando discordam do que pensamos", afirmou.

Tropa de Elite não é o primeiro filme criticado por reproduzir cenas de tortura. Na década de 80, Pra Frente Brasil chocou ao mostrar a tortura de um personagem confundido com um militante político durante a ditadura. No início deste ano, Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, também foi criticado pelo realismo das cenas de tortura dos frades dominicanos presos no regime militar pelo temido delegado Fleury. [Mais.]

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