terça-feira, 3 de junho de 2008

Saiba mais sobre a crise mundial dos alimentos


BBC - Último Segundo
"Os líderes mundiais se reúnem nesta semana em Roma, na Itália, para discutir a crise mundial provocada pelo aumento do preço dos alimentos. A cotação de commodities no mercado internacional aumentou muito desde o começo do ano, provocando desabastecimento, violência e mais pobreza.
Confira algumas perguntas e respostas sobre a crise.

O que aconteceu com o preço dos alimentos?
O preço dos alimentos subiu em média 83% nos últimos três anos, segundo o Banco Mundial. Em apenas um ano, houve fortes aumentos na cotação internacional do milho (31%), do arroz (74%), da soja (87%) e do trigo (130%). Segundo a FAO e a OCDE, os preços devem se manter altos nos próximos dez anos.

Quem foram os mais afetados pela crise?
As pessoas mais pobres em várias partes do mundo são as mais afetadas. Por exemplo, estima-se que, após o aumento dos preços, uma família pobre em Bangladesh precisa usar metade da sua renda diária para comprar apenas dois quilos de arroz.

O Banco Mundial estima que 100 milhões de pessoas caíram para baixo da linha da pobreza, sobrevivendo com US$ 1 por dia, nos últimos dois anos, e que o aumento no preço dos alimentos seria o principal motivo.

Segundo a FAO, a região mais atingida é a África Subsaariana, onde estão 21 dos 36 países com crise de segurança alimentar. A região importa 45% do trigo e 84% do arroz consumido.
A crise provocou violência e desabastecimento em vários lugares do mundo, como Haiti, Indonésia, Egito.

Que fatores estão levando ao aumento do preço dos alimentos?
Acredita-se que diferentes fatores contribuem para o aumento do preço. Entre eles estão:

- O aumento do preço dos combustíveis e insumos energéticos, que afetam toda a cadeia de produção, desde o custo de produção (para abastecer tratores, por exemplo) até a ponta final (preço do transporte dos alimentos).

- Especulação no mercado internacional de commodities, cujo volume de negócios aumentou mais de dez vezes nos últimos quatro anos, atingindo US$ 150 bilhões.

- O aumento da produção de biocombustíveis no mundo, que destina cada vez mais terra para produção de combustíveis, em detrimento dos alimentos.

- A melhoria na qualidade de vida de países emergentes de grande população, como China e Índia. As pessoas nesses países estão comendo mais laticínios e carnes, o que aumenta a demanda e o preço dos alimentos.

- Secas em diferentes partes do mundo, que provocaram uma queda na produção de grãos.

- A queda da cotação do dólar no mercado internacional, provocando uma fuga de investidores em direção ao mercado de commodities.

Especialistas e líderes mundiais ainda não chegaram a um consenso sobre o peso específico que cada um desses fatores tem isoladamente no aumento dos preços." [Mais.]

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