quinta-feira, 15 de maio de 2008

Marina Silva pede demissão e leva junto a credibilidade ambiental do governo Lula


Greenpeace
Pressionada por setores do agronegócio, governadores de estado e políticos da bancada ruralista, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, entregou nesta terça-feira sua carta de demissão ao presidente Lula, de caráter irrevogável. Era a última pessoa no governo a defender o meio ambiente e uma política de desenvolvimento sustentável. Com sua saída, a ala do crescimento a qualquer preço, capitaneada pela ministra Dilma Roussef, venceu o cabo-de-guerra contra aqueles que buscavam conciliar desenvolvimento com sustentabilidade.

Entre os nomes cotados para assumir o cargo estão Carlos Minc, secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e deputado estadual do PT-RJ, e Jorge Vianna, ex-governador do Acre.

Marina Silva caiu porque não suportou as pressões para que fossem revistas medidas de combate ao desmatamento e de punição a quem destrói a floresta amazônica recentemente anunciadas pelo governo federal, como a determinação para que os bancos (oficiais e privados) só concedessem créditos a proprietários de terras que não desmatassem e regularizassem suas terras no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Políticos da região amazônica, como o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, e pesos-pesados do agronegócio vinham exigindo do governo uma posição mais favorável ao setor, o que provocou constantes choques com o Ministério do Meio Ambiente.

"O pedido de demissão da ministra Marina comprova o descaso do governo Lula com a causa ambiental e também com a proteção da Amazônia", afirma Paulo Adario, diretor da campanha de Amazônia do Greenpeace. Segundo ele, Marina sai e leva junto a toda a credibilidade que tinha transferido para o governo Lula nos últimos cinco anos.

"Ela vai embora e leva junto essa roupa de credibilidade ambiental, deixando o rei Lula completamente nu", critica Adario.

Marcelo Furtado, diretor de Campanhas do Greenpeace, diz que a demissão da ministra é uma crônica de uma morte anunciada.

"O governo Lula já vinha dando vários sinais de que, para ele, a agenda ambiental era uma pedra no sapato", afirma.

"A liberação dos transgênicos no país, a retomada do programa nuclear brasileiro, com o anúncio da construção de Angra 3 e outras quatro usinas nucleares no nordeste, são apenas algumas de várias ações que demonstraram o compromisso do governo Lula com o desenvolvimento a qualquer custo e não com a sustentabilidade. [Mais.]

Um comentário:

MARISCO disse...

Guerreira Marina Silva. Já se foi tarde do governo. Melhor para ela. Otário é quem imagina que ela saiu derrotada.