terça-feira, 27 de novembro de 2007

Igreja confunde jovens e prejudica prevenção da Aids, diz médico

M'zONe
Jovens recebem mensagens contraditórias, diz líder da Sociedade Clínica Européia de Aids. Josep María Gatell diz que educação sexual é 'insuficiente', 'tardia' e 'parcial'.

O presidente da Sociedade Clínica Européia de Aids (EACS), doutor Josep María Gatell, afirmou nesta segunda (26) que a educação para a prevenção da doença falha, entre outras razões, porque os jovens recebem informações contraditórias sobre o uso de preservativos.

"Existem instituições, como a Igreja Católica, que não contribuem para que exista uma mensagem única sobre a necessidade da proteção durante relações sexuais por meio do uso do preservativo", declarou o médico do Hospital Clínic de Barcelona.

Gatell deu estas declarações durante a conferência "Aids na Europa 2007", onde lembrou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula em 760 mil o número de pessoas infectadas pela doença na Europa, o dobro da cifra de seis anos atrás.

Para o médico, a educação sexual é "insuficiente", "tardia" e "parcial", e deve ser iniciada "antes de os jovens começarem a ter relações sexuais, e não depois".

O doutor se mostrou a favor de que uma disciplina específica de prevenção e informação apareça nos currículos escolares, embora tenha alertado para a dificuldade de toda a sociedade concordar com seu conteúdo.

Gatell lembrou que a metade de pessoas infectadas pela Aids no mundo todo não sabe que tem a doença. Sobre isso, explicou que um grupo de 300 especialistas debaterá na conferência a criação de um guia que indique em quais casos o médico deve recomendar ao paciente a realização de um exame preventivo de Aids, a fim de fazer o diagnóstico o quanto antes.


Também foi apresentada na conferência uma parte do relatório da "London School of Hygiene & Tropical Medicine", o qual revela que ainda existem países do Leste Europeu, como Rússia e Ucrânia, nos quais os imigrantes não recebem tratamento terapêutico contra a Aids.

Richard Coker, membro desta instituição, alertou que Alemanha e Polônia têm recebido nos últimos anos um número considerável de europeus do leste que não são tratados em seus próprios países, onde são estigmatizados por terem contraído a doença.

O relatório, realizado em 33 países europeus, conclui que a introdução do sistema de medicamentos anti-retrovirais "não apresentou tantos benefícios como se esperava".

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